sábado, 28 de fevereiro de 2009

(Relembrar é viver...)



A idéia veio da Liana Vidigal, professora, flamenguista, mãe do Arthur (que puxou o pai e é são-paulino), amiga e logo mais colega de profissão: "Uma dica: que tal contar para a gente as alegrias e percalços de uma 'quase-formada'"...

Pois sim, resolvi aceitar a dica. Afinal, os últimos meses foram muito agitados, estressantes, animados, alegres, cansativos e devem render uma boa história. O último ano foi bem melhor do que pensava e muito mais exaustivo também. No entanto, o saldo final é positivo e muito gratificante.

Nos primeiros meses de 2007, dois professores já nos esperavam na sala com a seguinte pergunta: "Qual a idéia para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso)? Qual o grupo?". E a resposta da maioria era quase sempre a mesma: "Ah, tivemos uma idéia disso, daquilo. Mas nada certo, não sabemos ainda".
Pergunta difícil, resposta (quase) impossível.
Um dos professores era o já conhecido Fábio Cardoso, amigo desde o primeiro ano, mestre que me inspirou a querer ler e escrever sempre um pouco mais. Ele também foi aquele que acreditou na minha palavra quando um certo cara copiou um trabalho meu (mas essa é uma história para outro dia).
O outro professor era o desconhecido Chico Bicudo. Exemplo claro daqueles que conhecemos por ouvir falar, mas nunca ter de fato conversado. Para muitos, inclusive para o Profº Fábio, ele era "o" cara. E eu morria de vontade de ter aula com ele.
Pronto, ótima junção. Teria que aproveitar cada instante. E me esforçar para fazer um bom trabalho. Mas que trabalho? Ainda não tinha grupo, tema ou professor.

Numa certa manhã, eu e mais três pessoas completamente diferentes de mim (amigos de quatro longos anos, todavia com personalidades distintas) nos reunimos e resolvemos que escreveríamos um perfil, texto mais leve e ao mesmo tempo bem detalhado e apurado. Quem seria o perfilado? Cora Coralina, Dias Gomes ou Inezita Barroso? Fechamos com Inezita Barroso, até então para mim uma ilustre desconhecida. Decidimos, também, que o professor-orientador do TCC seria o Chico.

Muito aconteceu nos meses seguintes. Entrevistas, visitas ao Centro Cultural, à Biblioteca da Universidade Anhembi Morumbi, às gravações do "Viola, minha viola" no Teatro Franco Zampari. Não foi fácil, admito. Câmara Cascudo, Tom Wolfe, Joseph Mitchel, artigos e afins. Não que não tenha gostado, aliás amei cada palavra. No entanto, foi difícil conciliar tudo isso, todas informações, os receios e as tristezas do caminho.
Sem contar que eu e os outros integrantes do grupo tínhamos grandes diferenças que ao passar do tempo ficaram mais visíveis. Um escreve assim, outro assado, um é póetico, outro é direto. A amizade que existia entre nós, porém, se intensificou. Foi bom poder ter dividido com eles esses momentos.

Toda semana, nas orientações, apresentávamos algo novo. Novos entrevistados, novas idéias, novos medos e novas maneiras de sentir o que estava acontecendo. Contar com o apoio do Chico, orientador e amigo, foi essencial (mesmo quando, para descontrair, ele falava do Santos).
Hoje é bom ver trabalho finalizado, cheio de cores, de fotos, palavras, pensamentos e sentimentos. É bacana sentir que o texto "Frankstein" (escrito por oito mãos diferentes) ficou bem costurado e que o fim está próximo. E o fim? "É belo incerto, depende de como você vê".

Não sei ao certo o que o futuro me reserva, quais serão as próximas etapas e os novos obstáculos. O que sei é que saio de lá com a sensação de dever cumprido, apesar dos pesares e com o "pesar dos apesares".
Ainda não ouvimos o "aprovados", mas faltam algumas semanas ainda e espero que a palavra que vai sair da banca não seja outra.

Feliz por ter feito a escolha certa, por ter aproveitado os quatro anos de faculdade, mesmo que vez em quando sinta que poderia ter ido melhor. Feliz porque no trabalho tive a liberdade de escrever daquele meu jeito meio poético, cheio de detalhes. Por ter tirado muitas fotos e ver a maioria na matéria concluída. Feliz por ter conhecido Inezita Barroso, Assis Ângelo, Rivaldo Curulli, Pena Branca. Porque aprendi a respeitar a Cultura Brasileira de uma maneira bem mais profunda. Bem mais bonita. Mais sentida.
Feliz por ser feliz...

Originalmente postado no dia 05/11/2007
(Na época, como todos podem perceber, eu ainda era uma querida-sonhadora-aspirante-jornalista...)

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Só pensando:
Não sei se é porque hoje foi um dia muito complicado no trabalho, mas resolvi (re)lembrar de como vim parar aqui, nessa vida doida de comunicação, de jornalistas, de produtores e inventores, de loucos e sábios; de gente que fez faculdade e acha que é melhor que o outro por causa disso, de pessoas que aprenderam na marra, na arte da vida, com a prática...
A vida é assim mesmo. Cheia de altos e baixos, hoje tenho que ser melhor e maior do que tudo que já fui e, sinceramente, às vezes parece que é mais difícil do que realmente é. Mas, deixe estar. Ainda há muito o que aprender, ainda há muito o que escrever, editar, revisar, fotografar, coordenar, pirar, surtar, analisar, brigar, gritar, admirar... e viver.

***

"TV é um cachaça brava, tem que gostar muito, muito, muito de fazer, porque não paga bem, não é gostoso e... bom, eu sou um cachaceiro... topa ser também?"
(Frase dita por um dos meus supervisores no meu primeiro dia de serviço, há exatamente três anos e oito meses)

***

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz..."
(Gonzaguinha)

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PS: E sim. Meu TCC foi sobre Inezita e sua viola...
Ah, o Jornalismo Cultural. Paixão para sempre e até quando...

3 comentários:

Carlos Plaza disse...

Sobre a TV: É por isso que eu bebo mesmo! Brincadeirinha. :P Beijos.

Sara disse...

Carlos:
Beber, cair (só espero que não seja um VT na nossa cabeça ou no nosso pé), levantar!
Beijos, irmão! ;)

Anônimo disse...

Adorei a retrospectiva!

E ter um trabalhão danado para esperar a aprovação (ou não) de outros... puxa! é de dar frio na barriga!

beijinhos!